Foto Divulgação: Mikaell JNT |
Já nas primeiras horas, o secretário de
Agricultura Oscar Fernando, compareceu ao local para dialogar com moradores e
moradoras. Tendo em vista que o secretário não tinha poder para decidir sobre
as pautas reivindicadas, os manifestantes pontuaram que não entrariam em nenhum
acordo e que tinham uma reunião agendada na sede do Ministério Público (MP) de
Açailândia. Segundos os manifestantes, o secretário pontuou que o prefeito não
estava na cidade e que ele próprio teria outra atividade já agendada e não
poderia comparecer na reunião, mas que a prefeitura enviaria uma pessoa para
participar.
Foto Divulgação: Mikaell JNT |
Na sexta-feira, 9, a reunião
aconteceu no MP, porém contou apenas com a participação das comunidades, a rede
Justiça nos Trilhos e da promotora Camila Gaspar, nenhum representante da
prefeitura esteve presente. Após a reunião as comunidades decidiram desocupar a
estrada da Sunil e aguardar a convocação do MP.
Porém,
temendo novamente não terem suas pautas atendidas, as comunidades voltaram a
ocupar a estrada da Sunil, a 1h da manhã da segunda-feira (12), com a intenção
de desocupar somente quando os maquinários começassem a executar as melhorias
solicitadas.
Foto Divulgação: Mikaell JNT |
Negociações
Com
a pressão do protesto, uma reunião foi agendada para a quinta-feira, 22 de
março, com participação do prefeito Juscelino Oliveira, representantes das
empresas, Suzano Papel e Celulose, Vale S.A e Viena, com
a mediação do MP.
Entretanto,
durante a manhã da terça-feira (20), o prefeito de Açailândia, agendou uma
reunião para as 15h, na sede do Ministério Público, com a promotora Camila
Gaspar, para tratar sobre a pauta das comunidades em protesto na Estrada da
Sunil. A princípio a reunião ocorreria apenas entre MP e prefeitura, conforme
solicitação feita, porém, por mediação da promotora, o convite estendeu-se para
os representantes das comunidades, que apesar de serem pegos de surpresa,
organizaram-se rapidamente para participar.
A reunião então ocorreu
com a presença do prefeito Juscelino Oliveira, ele
pontuou que o município não tinha verbas para solucionar os pontos
reivindicados pelas comunidades, mas que estava buscando parcerias com o setor
privado para resolver as questões.
As comunidades apontaram que
existe um posto no Planalto I, porém sem profissionais para atendimento à
população, afirmaram que há apenas um médico e que ele
atende a população uma vez a cada dois meses. Reivindicaram que haja para a região
do Novo Oriente uma ambulância, uma equipe que possa atender a população em
serviços básicos de saúde, como primeiros socorros e que o médico atenda ao
menos uma vez por mês. Na área da educação foi reivindicado reformas das
escolas e substituição dos ônibus que atualmente transportam os alunos, por
outros mais adequados.
Sobre
as estradas e rotas escolares, o prefeito informou que havia junto ao Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a construção de um convênio
para beneficiamento dos assentamentos da região do Novo Oriente.
A promotora Camila Gaspar logo
após a reunião entrou em contato com o superintendente do Incra, para
esclarecer esse caso e foi informada que o convênio existente é referente ao PA
Açai e que não havia nenhuma solicitação
para região do Novo Oriente.
No dia 22, ocorreu mais uma
reunião. Desta participaram representantes das comunidades acompanhados pela
assessoria popular da rede Justiça nos Trilhos, o procurador do município Saulo
Roberto, o secretário de Infraestrutura Divaldo Farias, secretário
de Indústria e Comércio
Cleones da Cunha, representantes das empresas Suzano Papel e Celulose, Vale S.A
e os produtores de soja da região do Novo Oriente.
Ao
iniciar a reunião a promotora Camila Gaspar expôs o caso
para os representantes das empresas e os produtores de soja, que não tinham
participado da reunião ocorrida no dia 20, pontuando que ainda não tinha
conseguido algo de concreto com o município. Depois
de três horas de reunião, empresas, os proprietários de soja e a
prefeitura chegaram a um acordo e enviaram os maquinários para começar a
recuperação das rotas escolares e da estrada da Sunil nos pontos mais críticos.
O
município ficou de enviar até 10 de abril, um novo projeto para o Incra visando
a construção/manutenção das estradas na região do Novo Oriente. Outro projeto
também deverá ser enviado para Vale S.A, no dia 25 de abril, para realização
das reformas das escolas.
E
assim, depois de 14 dias de muita resistência e luta, as
comunidades desocuparam a Estrada da Sunil, após terem suas pautas
em parte atendidas, com as máquinas já iniciando os trabalhos na região. Os
barracos foram aos poucos desmontados e as comunidades saíram apontando que a
organização comunitária é uma grande ferramenta para a garantia dos direitos.
Ações após o protesto
Na
segunda-feira, 26 de março, engenheiros da prefeitura se reuniram com
representantes das comunidades para mapear a área da Estrada
da Sunil e rota escolar para inserir no projeto que será enviado ao Incra.
Para
o dia 25 de abril está agendada uma reunião no Ministério Público, para
informar e avaliar como está o andamento dos trabalhos de melhorias das
estradas, com participação do município, empresas, produtores
de soja e representantes das comunidades.
Mesmo
após o protesto ter terminado foi expedida, pelo juiz, Franklin Silva
Brandão Junior, no dia 23 de março, uma medida de reintegração de posse (nº
0800867-11.2018.8.10.0022), para desocupação imediata da estrada da Sunil,
solicitada pela prefeitura de Açailândia, o que provocou estranheza nas
comunidades, uma vez que representes do município sempre estiveram nas mesas de
negociações e sempre apontaram que compreendiam o protesto.
Como
a Estrada já estava desocupada, não houve grande transtornos para as
comunidades que realizaram 14 dias de protesto pacífico e sempre abertas ao
diálogo com os responsáveis do poder público e das empresas, para solucionar
tudo da melhor maneira possível.
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